Meu aniversário está chegando – 29/11 – e como sempre essa data trás algumas reflexões necessárias, correção de rumos, retomada de princípios, novas metas e novos desafios. É preciso parar um pouco e ouvir nossa consciência. Ela é a nossa melhor amiga. Quem melhor nos conhece, e que sabe dar os melhores feedbacks.
Na retomada de princípios e desafios a primeira ação é organizar a cabeça e colocar uma direção na vida para na sequência partir mudanças verdadeiras ao meu redor no mundo que afeta os outros. Toda mudança verdadeira e duradoura começa de dentro pra fora e não o inverso.
Em um mundo cada vez mais acelerado e complexo, onde eu e a humanidade estamos inseridos agora em uma jornada de buscas por um mundo mais justo, humano, equilibrado e sustentável, muitas vezes não nos damos conta que seguimos de forma inconsciente, “no automático”, um princípio da tradição milenar.
Esse princípio tem por base o equilíbrio e harmonia, e representa um autêntico modo de vida que muitas pessoas seguem e pautam suas vidas, comportamentos e escolhas.
No fundo as pessoas não se dão conta da conexão de espiritualidade que há no seu modo de vida, comportamento e escolhas muitas vezes inconscientes com esse conceito ou princípio de espiritualidade que se manifesta na tradição das culturas e religiões sob diversos nomes, mas que na verdade seguem uma linha de pensamento por trás de todas elas.
Paralelos e seus ensinamentos:
O princípio a que nos referimos é o que recentemente me deparei e que me fez refletir sobre suas conexões. Ele é conhecido por “Shalom”. É entendido como a busca por paz, harmonia e completude, que encontra paralelos em diversos sistemas religiosos, espirituais e filosóficos ao redor do mundo. Aqui estão alguns exemplos:
Budismo: O conceito de “Nirvana” no Budismo é semelhante, representando um estado de libertação do sofrimento e do ciclo de renascimento. É uma paz profunda alcançada através da compreensão plena da realidade, da compaixão e da desapego.
Hinduísmo: O conceito de “Dharma” no Hinduísmo, que se refere à ordem natural, à justiça, à ética e à harmonia, tem paralelos com a ideia de Shalom. O Dharma é visto como um caminho para manter o equilíbrio e a ordem no universo.
Taoismo: No Taoismo, a ideia do “Tao” (o Caminho) enfatiza a harmonia entre o ser humano e o cosmos. O conceito de “Yin e Yang” também reflete a busca por equilíbrio e harmonia nas forças opostas da natureza.
Cristianismo: A noção de paz é central no Cristianismo, com ênfase na paz interior, na reconciliação e no amor ao próximo. A paz é vista como um dom de Deus e um sinal do Reino dos Céus.
Islamismo: A palavra “Islam” em si deriva de uma raiz semítica que significa paz. No Islamismo, a paz (Salam) é fundamental e é alcançada através da submissão a Deus e da prática dos ensinamentos do Islã.
Sikhismo: O Sikhismo enfatiza a importância da paz interior e exterior, alcançada através do amor, da compaixão e da lembrança de Deus. A harmonia e a justiça social são componentes chave dessa tradição.
Espiritismo: O Espiritismo enfatiza a importância do desenvolvimento moral e espiritual como caminho para alcançar a paz interior e a harmonia com o universo. Este progresso é considerado essencial para a evolução espiritual do indivíduo.
Jainismo: No Jainismo, o conceito de “Ahimsa” (não violência) é central e engloba a paz e o respeito por todas as formas de vida, promovendo a harmonia e a não agressão.
Filosofias Indígenas: Muitas culturas indígenas ao redor do mundo têm conceitos de equilíbrio e harmonia com a natureza, com a comunidade e com o cosmos, frequentemente vistos como essenciais para a saúde e o bem-estar.
Fica claro, então, que esse conceito está relacionado a tradições de espiritualidade, transcendendo a noção comum de paz, abrangendo a completude e a ordem em todos os aspectos da vida.
Nosso desafio nesse texto é explorar como esse princípio milenar pode ser aplicado na vida diária e no ambiente de negócios, guiando-nos para um estado de nada quebrado, nada faltando, nada fora do lugar.
Encontrando Harmonia Interior:
A jornada para “Shalom” começa dentro de nós. Práticas como meditação, yoga, e momentos de reflexão ajudam a criar um santuário interno de paz. Manter um diário, por exemplo, pode ser uma ferramenta poderosa para processar emoções e alcançar clareza mental. Ao cultivarmos a tranquilidade interior, nos tornamos mais resilientes e equilibrados frente aos desafios cotidianos.
Cultivando Relações Harmoniosas:
“Shalom” se estende também às nossas interações. No dia a dia, isso significa escolher a empatia e a compreensão em nossos relacionamentos. Pequenos gestos, como expressar gratidão e oferecer ajuda, fortalecem os laços com aqueles ao nosso redor, criando uma rede de apoio e compreensão mútua.
A Ordem Como Fundamento da Abundância:
A noção de que a ordem é o primeiro passo para a abundância se alinha perfeitamente com o conceito de “Shalom”. A ordem em nossas vidas permite que tudo flua sem obstáculos, refletindo a ordem intrínseca do universo. Quando nossas mentes e espaços estão organizados, quando cultivamos hábitos positivos e mantemos nossos ambientes arrumados, estamos alinhados com essa ordem universal. Esse alinhamento não só facilita o aprendizado sem dor, mas também prepara o terreno para a prosperidade e a realização.
Promovendo a Justiça Social e Comunitária:
Este princípio nos encoraja a olhar além de nós mesmos. Participar de projetos comunitários, engajar-se em atividades de voluntariado, ou simplesmente apoiar negócios locais são maneiras práticas de contribuir para o bem-estar coletivo e a justiça social. Essas ações refletem o compromisso com um mundo onde nada está quebrado ou faltando ou fora do lugar.
Abraçando a Sustentabilidade Ambiental:
“Shalom” implica em viver em harmonia com a natureza. Isso pode ser alcançado adotando práticas sustentáveis em nossa rotina, como reduzir o uso de plásticos, optar por transporte sustentável, ou iniciar uma horta caseira. Cada escolha consciente é um passo em direção a um equilíbrio maior com o ambiente.
Aplicando "Shalom" nos Negócios:
No contexto empresarial, “Shalom” se manifesta através de uma liderança ética e responsável. Criar um ambiente de trabalho inclusivo e justo, adotar práticas de negócios sustentáveis, e promover uma cultura de respeito e colaboração são formas de refletir este princípio no mundo corporativo.
Considerações finais:
Na minha jornada de reflexões compreendi que a essência de “Shalom” – nada quebrado, nada faltando, nada fora do lugar – é um guia para viver de maneira mais plena e consciente. Essa é a reflexão que a proximidade do meu aniversário me levou numa autêntica egotrip. Ao incorporar este princípio em minha vida pessoal e profissional, estou abrindo caminho para um mundo mais justo, pacífico e equilibrado. A minha jornada para o “Shalom” tem sido contínua e transformadora, e um convite para criar uma realidade onde cada peça deve estar em seu devido lugar, contribuindo para o bem-estar coletivo e individual.
Com esse texto aproveito, também, para homenagear aqui meu Coach e grande amigo Wednei Prado que meu auxiliou mostrando ferramentas objetivas para a compreensão e prática de tudo isso para a minha jornada.
Dr. Júlio N. Nogueira
Advogado
OAB/BA 14.470
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