Impactos da Reforma Tributária no Setor Imobiliário: O Que Vem por Aí?

A reforma tributária está prestes a mudar o jogo no setor imobiliário com o Projeto de Lei 68/2024, que será votado em breve na Câmara dos Deputados.

O Que Foi Alterado na Constituição para o Setor Imobiliário

A Emenda Constitucional 123/2023 definiu quais operações são consideradas com bens imóveis:

  • Construção e incorporação imobiliária
  • Parcelamento do solo e alienação de bem imóvel
  • Locação e arrendamento de bem imóvel
  • Administração e intermediação de bem imóvel

Regimes Específicos

Setores como serviços financeiros e bens imóveis terão regimes específicos:

  • Alíquotas e Regras de Creditamento: Ajustadas para refletir as particularidades do setor.
  • Base de Cálculo: Pode ser alterada, admitindo-se exceções a certas disposições gerais.
  • Imposto sobre Receita ou Faturamento: Calculado com alíquota uniforme em todo o país.

Para as empresas:

  • Tributação sobre Receita ou Faturamento: Com alíquota uniforme.
  • Regras de Creditamento Diferenciadas: Flexibilidade nas regras de creditamento.
  • Alteração na Base de Cálculo: Ajustes para refletir as operações imobiliárias.

Para os consumidores:

  • Crédito Presumido: Aplicação de crédito presumido.
  • Exceção ao Princípio da Neutralidade: Ajustes específicos beneficiando os adquirentes dos serviços imobiliários.

Aumento da Carga Tributária

A reforma pode aumentar a carga tributária do setor imobiliário, afetando custos de construção, administração e intermediação de imóveis. Estudos indicam que isso pode resultar em um aumento nos preços dos imóveis, agravando a crise habitacional no país.

Preço das Moradias

A reforma pode trazer um efeito cascata sobre os preços, especialmente em moradias de baixo e médio custo. Imóveis na faixa de R$ 200 mil a R$ 2 milhões poderão ver aumentos significativos no valor final.

Administração e Intermediação Imobiliária

O custo tributário na administração e intermediação de imóveis será impactado pela nova base de cálculo do IBS e CBS. Isso pode resultar em um repasse desse custo para inquilinos e compradores, elevando os preços finais.

Propostas de Ajuste

Para mitigar esses impactos, foram apresentadas diversas propostas ao governo federal:

  1. Criação de Fator Redutor Social: Reduzir a alíquota em 80% para loteadores em parcerias com terrenistas.
  2. Redução de Alíquotas: Ajuste do redutor de alíquota para, ao menos, 60%.
  3. Tributação pelo Regime de Caixa: IBS e CBS devidos no momento do recebimento dos valores.
  4. Regimes Optativos: Regimes optativos com base no sistema não cumulativo de IBS e CBS.
  5. Proteção ao Patrimônio de Afetação: Evitar bitributação entre IBS e ITBI.
  6. Exclusão de Juros e Correção Monetária: Proteção da rentabilidade dos empreendimentos.
  7. Ajustes na Base de Cálculo: Exclusão de tributos como ITR e IPTU da base de cálculo do IBS e CBS.
  8. Tratamento Adequado em Distratos: Garantia de tratamento tributário adequado em casos de distrato.
  9. Incorporação e Loteamento: Manutenção do atual regime de PIS/Cofins para contratos de longo prazo.
  10. Exclusão de Taxas de Administração: Excluir as taxas de administração da base de cálculo do IBS e CBS.

Considerações Finais

A reforma tributária vai impactar o setor imobiliário no Brasil. É essencial que o governo e os legisladores adotem medidas que protejam consumidores e empresários. Acompanhe as discussões sobre o tema e prepare-se para as mudanças.

Dr. Júlio N. Nogueira
Advogado
OAB/BA 14.470