No mundo da política, costuma-se dizer que “jabutis não sobem em árvores”, ou seja, nada acontece por acaso, e frequentemente, eventos aparentemente desconexos revelam uma trama bem planejada nos bastidores. Hoje, vamos explorar uma conexão intrigante entre a crescente escalada da violência no Rio de Janeiro, em especial em Copacabana, e uma brecha aparentemente obscura aberta no texto da reforma tributária que está prestes a ser aprovada.
No último domingo, o programa “Fantástico” trouxe à tona uma reportagem alarmante sobre o aumento dos roubos a pedestres em Copacabana. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, houve um aumento de 56,3% nesse tipo de crime na região. Bairros como Recreio e Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, também viram aumentos significativos, com índices de 54,1% e 43,9%, respectivamente.
A preocupação com a segurança nas ruas do Rio de Janeiro é palpável, levando até mesmo ao surgimento de grupos de “justiceiros” que buscam combater os assaltos no bairro de Copacabana. Entretanto, é importante lembrar que fazer justiça com as próprias mãos é ilegal, de acordo com o Código Penal Brasileiro.
Enquanto esses eventos preocupantes acontecem nas ruas, nos bastidores políticos, a reforma tributária, que está prestes a ser aprovada na Câmara dos Deputados, traz uma novidade intrigante que parece ter surgido “do nada”. Ela permite que municípios e o Distrito Federal criem novas taxas para expandir a rede elétrica e implementar sistemas de monitoramento por câmeras para segurança e preservação de logradouros públicos.
Essa inclusão na reforma tributária levanta diversas questões. A amplitude e os usos dessas novas contribuições ainda não estão claros, e não há limite definido para o número de taxas que podem ser criadas. Além disso, por se tratar de uma contribuição, hospitais, igrejas e serviços públicos também serão afetados, uma vez que não há imunidade tributária.
A possibilidade de múltiplas taxas específicas para fins variados, como sistemas de monitoramento, gera incertezas e preocupações. A utilização desses recursos dependerá de leis municipais específicas, o que provavelmente resultará em disputas judiciais até que as regras estejam estabelecidas.
Enquanto alguns argumentam que essas taxas são uma maneira de financiar melhorias na segurança pública, outros questionam a prioridade dada a sistemas de monitoramento em detrimento de outras necessidades, como a infraestrutura de redes elétricas.
Aqui reside o cerne da questão: será que essas mudanças na reforma tributária estão sendo impulsionadas por grupos de interesse, como as empresas de monitoramento? É intrigante como essa conexão entre o aumento da violência nas ruas e a reforma tributária pode sugerir que interesses particulares estão moldando as políticas públicas.
À medida que esses eventos continuam a se desenrolar, é importante que permaneçamos informados e engajados nas discussões que moldarão o futuro de nossa sociedade. Não podemos ser ingênuos em acreditar que a reforma tributária está imune a influências de grupos de interesse. Precisamos questionar o que é aceitável nesse contexto e o que merece repúdio. A contribuição para o monitoramento é uma das questões que merece ser debatida.
Vamos manter nossa vigilância, pois em todas as situações, há limites que não devem ser ultrapassados.
Dr. Júlio N. Nogueira
Advogado
OAB/BA 14.470
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